quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Prelúdio

Bardo, Escaldo, Lirista, Saltimbanco, ou qualquer outra denominação que alguém puder achar pertinente à figura arquetípica que canta no salão de banquetes as poéticas hipérboles sobre reis e torres, descrições românticas de batalhas sangrentas e deusas lascivas, soltando flechas sonoras e flamejantes de sua lira, alastrando as intrigas entre os nobres que o ouvem.

No entanto, conforme torres cresciam e deusas morriam, as batalhas perderam seu romance, reis tornaram-se surdos, e as liras apodreceram nos calabouços.

Em meio à vaga imensidão de pedra que sucedeu-se, o último dos filhos de Oisin chuta o limo de suas botas e olha para todos os lados. O que vê? A multidão de bardos emudecidos.

Sabendo que sua lira estava nas cruéis garras de Cronos, arma-se de mouse, teclado e certa prepotência para escrever as silenciosas melodias textuais.

As flechas novamente irão queimar.